Chevrolet Montana 1.4 x Fiat Strada 1.4

Chevrolet Montana 1.4 x Fiat Strada 1.4

Equilíbrio em xeque: Ambas com motor 1.4, Montana e Strada se enfrentam em um apertado confronto

Achegada do motor 1.4 tornou ainda mais acirrada a briga das picapinhas Chevrolet e Fiat. Rivais históricas, Montana e Strada trazem uma configuração ainda mais próxima uma da outra na versão de entrada. Vale lembrar que, até então, a Montana só tinha como opção o motor 1.8. As versões alinhadas são as mais simples de cada família, que atendem tanto quem quer um veículo para trabalho como quem procura uma picape barata para lazer. A Montana é a 1.4 Conquest, vendida por 29 590 reais, e a Strada, Fire 1.4, por 30 640 reais.

Ao contrário das versões top, em que Montana e Strada parecem ter sido feitas com o mesmo molde - ambas possuem os mesmos atributos, equipamentos e até o motor 1.8 -, entre as básicas há grandes diferenças e o DNA de cada marca fica mais evidente. A Montana revela seu maior compromisso com o conforto. Sua suspensão é mais macia e a direção tem respostas um pouco mais lentas. A Strada, por sua vez, apresenta temperamento mais nervoso. Sua suspensão copia a pista e manda o recado direto para o motorista. A direção responde mais rapidamente. No acabamento, as duas têm o mesmo padrão compatível com a categoria. Os bancos são de tecido e as peças de plástico do painel, algumas vezes, não estão nem aí para causar boa impressão. A Montana Conquest tem a vantagem de reproduzir as formas da versão top Sport e, por isso, ser mais atual que a Strada Fire, que herda o visual externo do Palio 2004 e o interior do modelo 2000 (a Strada Fire não mudará quando as demais versões da linha receberem a frente do novo Palio).

Fiat Strada

GM Montana

Externamente, as duas picapes exibem calotas, molduras nos pára-lamas e pára-choques escuros. Pode não ser a coisa mais bonita do mundo, mas é uma bênção quando se raspa na coluna da garagem, situação em que o estrago parece menos evidente.

Em relação aos equipamentos, Montana e Strada se equivalem na quantidade - reduzida - de recursos: direção hidráulica, ar-condicionado, preparação para som, janela traseira corrediça e vidros e travas elétricos são opcionais. Mas há importantes diferenças entre os pacotes. A Montana é mais bem equipada no que diz respeito aos itens de série. Ela traz tampa traseira com chave, sistema de advertência para faróis ligados, imobilizador e pedais desarmáveis, enquanto a Strada tem apenas imobilizador e protetor de caçamba, entre seus principais itens. A Fiat deixou de fora o conta-giros, instrumento muito útil, principalmente em um carro com motor de fôlego limitado.

Na lista de opcionais, além dos já mencionados, é a vez de a Montana ser mais despojada. Seu destaque é o protetor de cárter, enquanto a Strada pode ser equipada com freios ABS e duplo airbag. Ponto para a Fiat. A Strada tem a versão de cabine estendida, que toma emprestado espaço na caçamba. Nesse caso, seu preço pula para 34 740 reais. A Montana não varia. Sendo assim, comparando as picapes mostradas aqui, a caçamba da Strada é maior no comprimento, com 169 contra 162 centímetros, e a da Montana é mais larga: são 110 contra 102 centímetros. Em volume e carga, segundo números das fábricas, a Montana vence. Ela tem capacidade para 1 143 litros e 730 quilos, enquanto a Strada transporta 1 100 litros e 705 quilos.

Na pista de testes, aquele comportamento mais esportivo de suspensão e direção da Strada não foi correspondido pelo motor. A Montana disparou na frente, nas provas de desempenho, sendo 3 segundos mais rápida que a Strada nas acelerações de 0 a 100 km/h. Ela precisou de 12,2 segundos, enquanto a Strada gastou 15,3 segundos. Falou mais alto o 1.4 EconoFlex da GM, que entrega 105 cv de potência e 13,4 mkgf de torque, enquanto o 1.4 Fire da Fiat gera 81 cv e 12,4 mkgf. Sempre rodando com álcool.

Nas frenagens, a Strada foi melhor. De 80 km/h a 0, ela parou em 27,7 metros e a Montana percorreu 29,3 metros. No consumo houve equilíbrio. Nas provas de dirigibilidade - slalom, mudança de faixa e curvas - as duas se saíram bem. Respeitando os limites de quem tem a maior parte do peso apoiado no eixo da frente, elas são capazes de manobrar com segurança, sem dar sustos ou exigir manobras de correção.

Além do teste de pista, rodamos com as picapes nas ruas e estradas e pudemos ver aqueles defeitos que as fábricas não admitem nem sob tortura. É o caso do nível de ruído interno da Montana prejudicado por uns estalos no revestimento do teto - bem em cima do ouvido do motorista -, que parecem crônicos porque foram observados em várias Montana já avaliadas por nós, inclusive a nossa do teste de Longa Duração. E a Strada, por sua vez, tem dois problemas: um deles é o sistema de ajuste do encosto dos bancos por alavanca, que é impreciso e difícil de usar, e o outro, a posição do rádio logo acima das saídas do ar-condicionado. Toda vez que muda de estação, o motorista recebe o vento frio (ou quente) nas mãos e nos braços.

As duas fábricas oferecem o mesmo tempo de garantia de um ano para suas picapes. Na avaliação do Cesvi (cesvibrasil.com.br), a Montana é a dona da manutenção mais simples e barata. Em relação ao preço do seguro, a vantagem é da Fiat. Segundo a corretora Nova Feabri (novafeabri.com.br), para um mesmo tipo de consumidor (com perfil de risco moderado), o seguro de uma Montana Conquest sai por 3 300 reais, enquanto o de uma Strada Fire custa 2 500 reais.

No fim das contas, a GM leva o comparativo. A Montana é mais confortável, tem um pacote de equipamentos de série melhor e apresentou maior rendimento na pista, além de ter visual mais atual.


MONTANA - R$ 29 590
Seu visual é mais simples que o da versão Sport, mas segue o mesmo design.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
O compromisso é maior com o conforto. A direção é leve e a suspensão, macia. Os freios poderiam ser mais eficientes.
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MOTOR E CÂMBIO
Superou a rival no desempenho e manteve a média, nas medições de consumo.
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CARROCERIA
Tem estilo mais moderno, cabine mais espaçosa e acabamento dentro do padrão do segmento.
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VIDA A BORDO
A Montana é mais confortável que a Strada, mas peca pelo nível de ruído interno. As ferramentas jogadas atrás do banco causam má impressão.
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SEGURANÇA
Tem pedais desarmáveis e imobilizador, mas nem sonha em ter ABS e airbag.
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SEU BOLSO
Seu custo de reparação é menor, mas paga mais seguro. Como tem preço menor na tabela, ainda está bem na fita.
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STRADA - R$ 30 640
Com a chegada da nova Strada, esta versão Fire permanecerá sem novidades visuais.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção é direta, o freio tem pouca progressividade e a suspensão não poupa o motorista das irregularidades do piso.
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MOTOR E CÂMBIO
O motor Fire cumpre bem seu papel de empurrar a picapinha. Mas o da Montana faz melhor. O câmbio é bem escalonado.
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CARROCERIA
Por fora, a defasagem estética não é tanta. Mas o painel é antigo. E o espaço interno é menor.
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VIDA A BORDO
Além do acabamento mais despojado e do comportamento mais duro, tem um defeito: o ajuste do encosto, difícil de regular.
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SEGURANÇA
Não conta com pedais desarmáveis, mas tem bancos antimergulho e interruptor de combustível. E ainda tem duplo airbag e ABS entre os opcionais.
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SEU BOLSO
O bom das picapes leves, nas versões de entrada, é a relação custo/benefício. A ainda tem a vantagem de pagar menos pelo preço do seguro.
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VEREDICTO
A Montana tem o melhor conjunto. Vem mais equipada com itens de série e mostrou desempenho superior. E ainda custa menos. A Strada é mais despojada e tem como principal vantagem o baixo preço do seguro.


Por PAULO CAMPO GRANDE | FOTOS MARCO DE BARI /

Fonte:Revista Quatro Rodas (acesso em 03 fev. 09)

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